Sistema Imunitário

Posted on 11:06 by Paulinha e Suzi

Sistema Imunitário é o conjunto de células e órgãos que protegem o organismo dos animais de potenciais agentes agressores biológicos (microorganismos) ou químicos (toxinas).


Este sistema é também o responsável pelo controle e destruição das células anormais ou envelhecidas do próprio organismo


Quando um organismo é invadido por um agente patogénico, são activados mecanismos de defesa.


É disto que consta a imunidade: dos processos fisiológicos que permitem ao organismo reconhecer e detectar os corpos estranhos ou anormais - agentes patogénicos - e posteriormente neutralizá-los ou eliminá-los.


E afinal o que são estes agentes patogénicos??

  • São agentes biológicos capazes de causar doenças, como por exemplo: vírus, bactérias, fungos, protozoários ou animais parasitas.

  • Estes entram nos organismos através do ar, da água, dos alimentos, de lesões na pele ou das mucosas.

Aprofundemos então, melhor, os conhecimentos acreca de dois destes agentes: os vírus e as bactérias.


Vírus:

  • ser acelular;
  • considerado um ser não vivo uma vez que não é capaz de se reproduzir ou de desenvolver metabolismo de forma independente;
  • possui ou DNA (vírus da hepatite B p.e.) ou RNA (vírus da SIDA p.e.);
  • é rodeado por um invólucro protector de natureza proteíca - cápside;
Bactéria:


  • célula procariótica;

  • possui um nucleóide - molécula circular de DNA;

  • geralmente possui plasmídeos;

  • reproduz-se autonomamente.

É variada a contituição do Sistema Imunitário:
  • vários tipos de leucócitos;



  • macrófagos - célula efectoras;

  • medula vermelha dos ossos e timo : órgãos linfóides primários - onde maturam os leucócitos;

  • baço, gânglios linfáticos, amígdalas e adenóides : órgãos linfóides secundáros - onde se armazenam os leucócitos.






São considerados dois tipos de imunidade: a imunidade inata e a imunidade adaptativa.


A imunidade inata consiste nos meios de defesa não específica do organismo, ou seja, aqueles meios que estão presentes em todos os indivíduos multicelulares e que actuam de forma semelhante sobre todos os diferentes agentes invasores.


A imunidade adaptativa possui mecanismos de defesa específicos, que apenas os vertebrados adquiriram no decorrer da história evolutiva das espécies, e que constam de diferentes processos de actuação para cada agente estranho que invade o organismo.





Imunidade Inata - Mecanismos de Defesa Não Específica


Como já foi referido estes mecanismos actuam sempre do mesmo modo independentemente do tipo de agente estranho.


Incluem uma primeira linha de defesa - barreiras físicas e químicas que têm como função impedir o agente estranho de entrar no organismo, e uma segunda linha de defesa, que actua quando estes agentes conseguem entrar no organismo.



A primeira linha de defesa impede a entrada de agentes patogénicos e pode ser de dois tipos:



Barreiras físicas – formadas pelas superfícies de contacto com o meio:
Pele – barreira mecânica e química para microorganismos e partículas, devido á sua camada córnea;
Pêlos – localizados nas narinas e em volta dos olhos;
Mucosas – forram as cavidades que abrem para o exterior, segregando muco que dificulta a fixação e proliferação de microorganismos. O muco é expelido para o exterior ou fagocitado posteriormente;

Barreiras químicas - Secreções e enzimas – numerosas glândulas (sebáceas, sudoríparas, lacrimais, salivares, etc.) segregam substâncias antibióticas, enquanto outras obtêm o mesmo resultado com ácidos e enzimas, como no estômago ou nos olhos.




Se o agente patogénico conseguir ultrapssar a primeira linha de defesa e penetrar realmente no corpo, os mecanismos da segunda linha de defesa tentarão destruí-los:

Resposta inflamatória - acontece quando uma quebra nas barreiras mecânicas permite o desenvolvimento de microrganismos patogénicos no interior do corpo. Quando essa proliferação é detectada, os vasos sanguíneos próximos dilatam-se e as redes de capilares relaxam, devido à produção de histaminas por mastócitos e basófilos, bem como pelas próprias células lesionadas.
Este facto aumenta a permeabilidade e a taxa de trocas entre a lesão e o sangue, dando origem ao tom avermelhado do local e a um aumento moderado da temperatura (febre). A febre moderada é benéfica para o processo imunitário, favorecendo a fagocitose e inibindo a multiplicação de muitas espécies de microorganismos.
Surge um edema (inchaço devido á saída de plasma e consequente acumulação de linfa. Atraídos pelos mediadores químicos (quimiotaxia), os neutrófilos e os monócitos vão atravessar as paredes dos vasos sanguíneos (diapedese), transformando-se os últimos em macrófagos, e fagocitar os agentes alérgicos, bem como os tecidos danificados, destruindo-os.


Resposta Sistémica - Geralmente as infecções são localizadas e os agentes patogénicos destruídos. Mas em alguns casos, podem progredir pela linfa e originar respostas inflamatórias nos gânglios linfáticos, que ficam inchados, e isto é a resposta sistémica. Estas infecções são geralmente assinaladas pelo aumento brutal de glóbulos brancos em circulação num período de tempo muito curto.

Interferão – mecanismo não específico de defesa contra vírus, no qual células atacadas produzem proteínas chamadas interferões. Estas proteínas não salvam a célula atacada mas entram na circulação, ligando-se á membrana de outras células e estimulando-as a produzir proteínas antivirais, que bloquearão a multiplicação do vírus, salvando assim essas células.

Sistema Complemento – formado por cerca de vinte proteínas do plasma, produzidas no fígado, baço, etc. Estas proteínas estão no plasma inactivas e representam cerca de 10% da componente proteíca deste líquido. Se a primeira proteína da série é activada, seguem-se reacções em cadeia de activação predeterminada. Estas proteínas podem causar vasodilatação (facilita a saída de neutrófilos), ajudar a fagocitose (sinalizam células estranhas aos fagócitos), formar poros nas membranas bacterianas, etc.





Imunidade Adaptativa - Mecanismos de Defesa Específica


Enquanto os mecanismos de defesa não específica actuam, destruindo os agentes patogénicos e impedindo uma infecção generalizada, os mecanismos de defesa específica são mobilizados ao longo de, por vezes, vários dias. No entanto, apesar de mais demorada a surgir, esta resposta é extremamente eficaz pois é muito específica.


Todos os agentes estranhos ao corpo são designados antigenes, podendo ser moléculas livres ou localizadas sobre elementos figurados.


Uma importante característica do sistema imunitário é a “memória” bioquímica em relação a antigenes que anteriormente invadiram o organismo, o que permite uma reacção muito mais rápida em caso de nova infecção. Igualmente importante é a sua diversidade, tendo os vertebrados desenvolvido uma resposta por medida para cada tipo de agente invasor.


Em situações normais, o sistema imunitário é tolerante para com as suas próprias moléculas.

A resposta imunitária específica realizada pelo sistema imunitário, tem três funções importantes:

Reconhecimento o antigene é reconhecido como um corpo estranho por linfócitos B ou T;
Reacção – sistema imunitário reage, formando e preparando os agentes específicos (células e imunoglobulinas) que intervirão no processo;
Acção – agentes específicos do sistema imunitário neutralizam ou destroem os antigenes (células ou imunoglobulinas).



A resposta imunitária específica pode ser de dois tipos: imunidade mediada por anticorpos ou imunidade humoral e imunidade mediada por células ou imunidade celular.


Imunidade humoral ou mediada por anticorpos


Já foi referido que a primeira função do sistema imunitário é reconhecer os antigenes. Esta função é realizada pelos linfócitos B, capazes de reconhecer uma enorme variedade de antigenes específicos, nomeadamente bactérias, toxinas bacterianas, vírus e moléculas solúveis.


Quando o antigénio penetra no organismo e atinge um órgão linfóide secundário, estimula os linfócitos B que contêm receptores (determinados geneticamente) específicos para esse antigene. Esses linfócitos B activados dividem-se rapidamente, formando plasmócitos, que produzem anticorpos específicos para o antigene (por vezes chegam a 2000 anticorpos/s) e células-memória, que não são mais que outros linfócitos B.


As células-memória permanecem inactivas, não participando na defesa contra o antigene mas prontas a responder rapidamente, caso o antigénio reapareça posteriormente no organismo.



Os anticorpos, portanto, apenas são produzidos após um primeiro contacto com o antigene. Estas moléculas são libertados no sangue e na linfa, circulando até ao local da infecção. Os anticorpos não reconhecem o antigene como um todo, identificam apenas determinadas regiões da superfície do antigene designadas determinantes antigénicos. Por esse motivo, um único antigene pode estimular a produção de diversos anticorpos, cada um específico para uma certa zona da sua superfície.

Os anticorpos são glicoproteínas específicas com a designação geral de imunoglobulinas (Ig), que se combinam quimicamente com o antigene específico que estimulou a sua produção.

Tipicamente os anticorpos apresentam uma estrutura em Y e são formados por quatro cadeias polipeptídicas interligadas, duas mais longas ao centro – cadeias pesadas – e duas mais curtas lateralmente – cadeias leves. Na sua estrutura existe sempre uma zona variável, que é específica para o antigene, e uma zona constante, que permite a interacção com os restantes elementos do sistema imunitário do indivíduo. As zonas variáveis são em número de duas e localizam-se nas extremidades do Y, formando os locais de ligação do antigene.

No entanto, os anticorpos não destroem directamente os antigenes, apenas os marcam como estranhos ao organismo formando o complexo anticorpo/antigene.
A formação deste complexo anticorpo/antigene desencadeia acontecimentos que amplificam a resposta inflamatória (aumenta a vasodilatação, fagocitose é mais dirigida), tornando mais eficiente a eliminação celular não específica que já decorria.

Assim, os anticorpos podem actuar de diversas maneiras na defesa imunitária:

Aglutinação – anticorpos designados aglutininas causam a formação de complexos insolúveis de complexos anticorpo/antigénio, tornando os antigenes inofensivos e facilitando a sua remoção ou destruição por células imunitárias;


Intensificação directa da fagocitose o complexo anticorpo/antigene aumenta a actividade de células fagocíticas, facilitando a invaginação e a endocitose;


Neutralização directa de vírus e toxinas bacterianas – certas moléculas em solução funcionam como antigenes, e a formação do complexo antigene/anticorpo neutraliza-os, designando-se o anticorpo antitoxina;


Activação do sistema complemento – a ligação do complexo antigene/anticorpo à membrana de uma bactéria permite a ligação de proteínas do sistema complemento à parte constante do anticorpo e o desencadear das reacções que culminarão com a formação de poros na membrana e lise celular.


Imunidade mediada por células ou celular

A invasão do organismo por células estranhas (parasitas multicelulares, fungos, células infectadas por bactérias ou vírus, células cancerosas, tecidos ou órgãos transplantados) leva à intervenção dos linfócitos T, que por vezes se designam células assassinas.


O reconhecimento é possível porque os linfócitos T apresentam na sua membrana receptores específicos, mas estes apenas reconhecem antigenes ligados a marcadores superficiais de outras células imunitárias, nomeadamente fagócitos, que resultaram da destruição de bactérias ou outros microorganismos. A exposição e ligação do linfócito T ao antigene específico provoca a sua divisão.

Existem diversos tipos de linfócitos T, com funções específicas:
Linfócitos T auxiliares – também designados linfócitos TH de helper, reconhecem antigenes específicos associados a marcadores de superfície de macrófagos e segregam mensageiros químicos que estimulam a capacidade defensiva de outras células (fagócitos, linfócitos B – aumentando a produção de anticorpos específicos - e linfócitos T);
Linfócitos T citolíticos – também designados linfócitos TC ou linfócitos citotóxicos ou células assassinas, reconhecem e destroem células com antigenes estranhos (células infectadas ou cancerosas). Depois de activados migram para o local da infecção ou para o timo, segregando produtos tóxicos lisogéneos que matam as células anormais, nunca as fagocitando;
Linfócitos T supressores – também designados linfócitos TS, produzem mensageiros químicos que ajudam a moderar ou suprimir a resposta imunitária, tornando mais lenta a divisão celular e limitando a produção de anticorpos, quando a infecção já está debelada;
Linfócitos T memória – também designados linfócitos TM, permanecem num estado inactivo durante muito tempo, respondendo prontamente (entrando em multiplicação) se o organismo for novamente invadido pelo mesmo antigene.

Pode-se, portanto, notar que existe uma enorme interacção entre a imunidade humoral e a mediada por células.


Uma das principais funções da imunidade mediada por células é reconhecer e destruir células cancerosas, que apresentam marcadores superficiais diferentes das células normais, pelo que são reconhecidas como estranhas. Considera-se que as células cancerosas são o resultado de mutações em células normais.
De acordo com alguns investigadores, apenas quando o sistema imunitário não reconhece ou não destrói estas células elas se multiplicam e originam o cancro.
É igualmente este sistema de defesa o responsável pela rejeição de tecidos ou órgãos, devido às diferenças bioquímicas entre o dador e o receptor. Para impedir a rejeição, escolhem-se estruturas o mais próximas possível da composição bioquímica do receptor e administram-se drogas imunosupressoras. Estas drogas, no entanto, por pouco selectivas, podem comprometer a capacidade do sistema imunitário de responder a outro tipo de infecções.





Fontes:


SILVA, Amparo Dias da; SANTOS, Maria Ermelinda; MESQUITA, Almira Fernandes; BALDAIA, Ludovina; FÉLIX, José Mário; Terra, Universo de Vida; Porto: PortoEditora, 2009.

Cientic – Imunidade e Doenças; 19/03/2010; < http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=99%3Adiapositivos-de-imunidade-e-doencas-constituintes&catid=37%3Aimunidade-e-controlo-de-doencas&Itemid=108 >
Cientic - Imunidade e Doenças – Defesa não Específica; 19/03/2010; < http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=100%3Adiapositivos-de-imunidade-e-doencas-defesa-nao-especifica&catid=37%3Aimunidade-e-controlo-de-doencas&Itemid=108 < href="http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=101%3Adiapositivos-de-imunidade-e-doencas-defesa-especifica&catid=37%3Aimunidade-e-controlo-de-doencas&Itemid=108">http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=101%3Adiapositivos-de-imunidade-e-doencas-defesa-especifica&catid=37%3Aimunidade-e-controlo-de-doencas&Itemid=108 >
Simbiotica; 19/03/2010; < http://www.simbiotica.org/imunidade.htm >
Sistema Imunitário – Defesa não Específica; 19/03/2010; < http://www.slideshare.net/ilopes1969/sistema-imunitrio-defesa-no-especfica >

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